quarta-feira, 6 de março de 2013

O Ramal de Cortês (Ribeirão a Cortês)



   Neste início de 2013, o Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco foi conhecer o que restou do antigo Ramal de Cortês, que partia da estação de Ribeirão (Linha Sul) com destino à cidade de Cortês.
  O mesmo possuía aproximadamente 29 km de extensão. Segundo o site "Estações Ferroviárias do Brasil" (http://www.estacoesferroviarias.com.br/pernambuco/cortez.htm) o Ramal já existia desde o fim do século XIX, porém em Julho de 1907 foi arrendado a Great Western que teve de fazer uma recuperação da linha. Ainda segundo este site, o objetivo inicial da construção desse ramal seria o de ligar Ribeirão a Pesqueira, o que nunca ocorreu. Estevão Pinto, em seu livro "História de uma estrada de ferro do Nordeste" (1949) cita que o ramal foi arrendado à Great Western que ficou obrigada a recuperar a via permanente do mesmo e de prolongá-lo até a cidade de Bonito; a recuperação ocorreu, porém a linha nunca passou de Cortês, não chegando a Bonito.
  A primeira estação ao partir de Ribeirão era José Mariano, no povoado de mesmo nome originado a partir da Usina Caxangá. Hoje já não existe mais. Moradores locais nos indicaram onde se localizava a velha estação e também citaram a existência de restos de uma ponte alguns metros à frente.
  Ao contrário de José Mariano, Progresso, a estação seguinte continua de pé e serve de moradia. Apesar de ter sofrido algumas modificações ainda guarda boa parte dos traços de sua arquitetura original. Uma de suas moradoras nos informou que até há algum tempo atrás ainda podia se ver o dístico da estação com a palavra "Progresso", porém o prédio passou por reformas e as paredes foram rebaixadas, perdendo-se os dísticos.
  Alguns metros à frente da estação Progresso existem restos de uma ponte da extinta linha. À beira de um límpido riacho estão as cabeceiras da ponte, construídas com blocos de pedra. A paisagem do local é realmente uma maravilha!
  A parada de Macacos seria a próxima estação da linha, porém, segundo moradores locais não existe mais nada da mesma. Seguimos então para a estação Linda Flor, onde também fomos bem recebidos e conhecemos seu Horácio, 74 anos, atual dono do prédio da estação que nos contou um pouco sobre o Ramal de Cortês quando ainda funcionava: " Eu morava aqui, tinha cinco casas aqui (de frente para estação) e eu pegava trem nesta estação para Ribeirão... estou com 74 anos. O trem passava aqui de cinco horas da manhã, ia pra Ribeirão; no dia de hoje (sábado) ele só vinha de noite (para Cortês). Agora no dia de Domingo era que de duas e meia ele vinha voltando."
  A estação de Linda Flor encontra-se muito bem preservada. Dona Lúcia, vizinha da estação, nos mostrou algumas cédulas antigas e moedas que guarda. Ela falou ter encontrado tudo perto da estação, tendo sido possivelmente do tempo em que a ferrovia era ativa.
  Pegamos a estrada e fomos em direção a penúltima estação da linha, Ilha de Flores. Esta, por sua vez, localiza-se dentro dos terenos da Usina Pedroza. Seu prédio serve à comunidade local e encontra-se muito bem preservado, guardando praticamente todas suas características originais, desde a plataforma à cobertura da área de embarque. A velha usina, desde o tempo em que o trem cruzava a estação de Ilha de Flores, continua a todo vapor.
  Seguimos até Cortês, estação terminal da linha. Esta, preservada pela prefeitura local, mantém seus traços originais e está em bom estado de conservação. Localizado na área central da cidade, este velho prédio guarda a memória do trem que fazia a ligação entre Ribeirão e Cortês.

 Confira as imagens feitas pelo MFPE do Ramal de Cortês

Local da estação José Mariano. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação Progresso. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Área de embarque da estação Progresso. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Visão lateral da estação Progresso. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Restos de uma ponte da linha, alguns metros após a estação de Progresso. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).
Detalhes de uma das cabeceiras, construída com blocos de pedra. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação Linda Flor. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Vista de onde ficava o pátio da estação Linda Flor. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Seu Horácio, proprietário da estação Linda Flor guarda os últimos vestígios da extinta linha, tais como pregos de fixação, restos de trilho e talas de junção. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Tala de junção da velha ferrovia. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).


Dístico da estação de Ilha de Flores. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Vista da área de embarque da estação Ilha de Flores. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação Ilha de Flores anexada à uma construção mais recente. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Vista da plataforma da estação Ilha de Flores. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação de Cortês. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação Cortês. Notar no dístico da estação a grafia primitiva "Cortez". (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Estação de Cortês no centro da cidade. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

Cobertura da área de embarque da estação ferroviária de Cortês, desativada desde o início da década de 1970. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2013).

9 comentários:

  1. Caro André Luiz, meu nome é Rafael, e estou cursando o curso Superior de Gestão em Turismo no IFPE, estou começando a montar meu projeto de tcc e como gosto muito desse tema ferroviário, e pelo que meu pai já me contou das viagens que ele fazia na antiga ferrovia que ligava Recife a Salgueiro, me interessei em fazer meu projeto nessa área, comecei a pesquisar e achei seu blog muito interessante, e tem me ajudado muito a conhecer parte desta história.
    Gostaria de saber, se possível, seu e-mail, para que eu possa lhe explicar minha ideia, e trocarmos algumas informações, abraços!!

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  2. Muito bom Rafael! Também sou do IFPE. Segue o e-mail pelo qual podemos trocar informações - mfpe1858@hotmail.com.

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  3. Puxa, muito legal. Gostaria de saber se posso usar fotos e mesmo o seu texto em meu site www.estacoesferroviarias.com.br. Abraços

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    1. Tudo bem Ralph! Inclusive já utilizei e citei a referência de seu site em algumas postagens. Abraços!

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  4. Olá André, sou de Cortês e conheço um pouco da história desse ramal! Tenho comigo uma triste lembrança! O meu pai foi atropelado por um vagão de cargas em setembro de 1969 e morreu "partido ao meio". Diante deste fato, busquei me inteirar totalmente sobre o trem de Cortês. Gostaria de saber se você conhece alguém ou alguma empresa que se disponibilize em vender ou doar algum vagão, troiler ou quem sabe uma antiga locomotiva para que nós possamos fazer um memorial em nossa cidade. Um abraço e parabéns pelo trabalho! O meu e-mail: jornaldecortes@gmail.com

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  5. QUERO PARABENIZAR ESTA REPORTAGEM,ONDE POSSO CHAMAR DE UM VERDADEIRO MILAGRE. COMO ERA TÃO BOM. TIVE A HORRA DE ANDAR NO TREM DE CORTES. AINDA CONSIGO ESCUTAR O BARULHO DE SUAS RODAS EM AÇO SOBRE OS TRILHOS. CONHEÇO TODAS AS ESTAÇÕES. ERA UMA FESTA,ERA TUDO NATURAL. NOSSA MARIA FUMAÇA,PUXANDO SEUS VAGÕES,A PRIMEIRA CLASSE,E SEGUNDA CLASSE,SUA INERCIA PROPAGANDO O BALANÇO DA TECNOLOGIA,O CONFERIR DO CONDUTOR EM CADA BILHETE,A CLASSIFICAÇÃO DAS MADEIRAS INDICADAS, REFERENCIADAS PARA SEREM CONSTRUIDOS OS DORMENTES ONDE SOBRE CADA UM ESTAVAM OS TRILHOS DE AÇO.
    A EMOÇÃO DE PODER ANDAR DE TREM,UMA CONDUÇÃO ANTIGA MAIS GOSTOSA,PURA,CINSERA,ATRATIVA,E QUE VALEU APENAS.
    EU ANDEI NO TREM DE CORTES.

    DANIEL ALEXANDRE.
    9-4-16.

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  6. BOM DIA,CARO AMIGO ANDRÉ TENHO DEZ ANOS,MORO EM MACACOS,GOSTO MUITO DE PESQUISAR SOBRE OS LOCAIS DE ORIGEM DOS MEUS PARENTES E CHEGUEI ATÉ VOCÊ OU A ESTAÇÃO MACACOS.
    E O ANTIGO PRÉDIO AINDA EXISTE ATÉ HOJE,LÁ RESIDE UMA Família,HÁ DÉCADAS,A SENHORA QUE LÁ RESIDE É CONHECIDA POR DONA SANTA NÃO É UMA DAS MORADORAS MAIS ANTIGAS MAS TEM UNAS HISTORIAS LEGAIS SOBRE O PRÉDIO,VALE A PENA CONFERIR E MANDAREI FOTOGRAFIAS DA ESTAÇÃO MACACOS.

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  7. BOM DIA,CARO AMIGO ANDRÉ TENHO DEZ ANOS,MORO EM MACACOS,GOSTO MUITO DE PESQUISAR SOBRE OS LOCAIS DE ORIGEM DOS MEUS PARENTES E CHEGUEI ATÉ VOCÊ OU A ESTAÇÃO MACACOS.
    E O ANTIGO PRÉDIO AINDA EXISTE ATÉ HOJE,LÁ RESIDE UMA Família,HÁ DÉCADAS,A SENHORA QUE LÁ RESIDE É CONHECIDA POR DONA SANTA NÃO É UMA DAS MORADORAS MAIS ANTIGAS MAS TEM UNAS HISTORIAS LEGAIS SOBRE O PRÉDIO,VALE A PENA CONFERIR E MANDAREI FOTOGRAFIAS DA ESTAÇÃO MACACOS.

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