domingo, 21 de setembro de 2014

6 anos do MFPE - O túnel e o auto

O Túnel do Pavão. (Imagem: Acervo MFPE - 2010)
Neste dia 22 de Setembro completam-se seis anos da criação do Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco. Mais de meia década realizando um importante trabalho na preservação e divulgação da memória das estradas de ferro em Pernambuco. Para ilustrar esse aniversário, resolvi colocar aqui uma história bem interessante das muitas desses seis anos, ocorridas no momento da busca por registros do patrimônio ferroviário em Pernambuco.
A referida história ocorreu no Túnel do Pavão, no Cabo, o primeiro Túnel ferroviário do Brasil. No dia que fui conhecê-lo, no início do ano de 2010, foi algo muito especial, estar diante daquele imponente monumento, ainda do Brasil Imperial, encravado numa verde serra da área rural do município do Cabo de Santo Agostinho, já perto de Ipojuca. Pela via férrea, fica 4,5 km após a estação mais antiga em funcionamento do país (Cabo).

Atravessamos o túnel, no sentido Recife, admirando seus detalhes internos, tais como seus guarda-corpos que serviam para que transeuntes pudessem se proteger se por acaso fossem surpreendidos pelo trem estando dentro do túnel. Via isso na medida em que a luz permitia, afinal, são 154 m de extensão e, não havia levado lanternas. Quando se chega a um determinado ponto do túnel, tudo escurece, só restando a famosa "luz no fim do túnel".
Vista interna do túnel. (Imagem: Acervo - MFPE)


A essa época, a Transnordestina Logística, estava a recuperar a Linha Sul para reativá-la ao transporte de cargas. Os trabalhos já estavam bem avançados e vez em quando circulavam trens carregados de trilhos, dormentes, etc, além dos autos de linha que são veículos de inspeção ferroviária.
Vista de uma das saídas do túnel, e ao fim, a curva de onde
surgiu o auto de linha. (Imagem: Acervo MFPE - 2010)
Depois de algumas fotos da outra "boca" do túnel, começamos então a atravessar o túnel no sentido contrário, quando de repente, no silêncio do lugar, começa-se a ouvir um barulho, que ia aumentando gradativamente. Alguns instantes depois tive a impressão de ouvir uma buzina, até achei que pudesse ser algum caminhão passando na BR-101, que passa próximo. Me enganei. A buzina se repetiu novamente, e foi aumentando o barulho estranho, até que na curva após o túnel surge o auto de linha, em sua tradicional cor amarela, seguindo para Palmares. Como disse o Jessier Quirino, no seu causo "Trem da Great West", o auto vinha numa velocidade "cobrativa de passagem" que entrou no túnel buzinando e já próximo dos 60 km/ h. Só deu tempo de ir para o canto do túnel e esperar a veloz passagem do veículo. O chato disso tudo foi não dar tempo de acionar a câmera e registrar esse inusitado momento.
O momento, tenho que admitir, teve uma certa tensão. De fato. Mas, enfim, esse acontecimento foi muito legal para marcar aquela primeira ida ao túnel. Depois fui outras vezes, porém não tive a oportunidade de ver autos ou algum trem. Naquele mesmo ano, em Junho, fortes chuvas arrasaram a Zona da Mata pernambucana, se repetindo no ano seguinte, deixando alguns pontos da recém recuperada ferrovia em situação bastante crítica, não mais sendo recuperados.
O autor e o auto na estação Palmares, dias antes do ocorrido no túnel.
(Imagem: Acervo MFPE- 2010)
E essa foi uma das lembranças desses 6 anos de expedições pelas ferrovias pernambucanas. Mas, não para por aqui, afinal, essa memória tem que ser mantida e repassada e, ainda falta muito a visitar, muito a estudar e explorar.


6 comentários:

  1. queremos os trens nos trilhos,nossa identidade.

    ResponderExcluir
  2. verdade cobrem se unam ,esses governantes e empresários não levam a sério aqui no brasil !

    ResponderExcluir
  3. memória sem conservação , vira ruinas e sucata ,reliquias antigas expostas ao sol e chuva não resistem ao tempo !

    ResponderExcluir
  4. Eita André, que história sensacional. Tive uma experiencia um pouco semelhante na Ponte Metálica sobre o Rio Ingá, a cerca de 2 km da estação de Ingá, aqui na Paraíba em maio de 2010. Estava bem no centro da ponte que é pequena, tem cerca de 40 metros de comprimento. Avistei o carro de linha que levava operários que estavam fazendo uma manutenção da ferrovia um pouco adiante. "Eita caramba" me perguntei "e agora o que faço", fiquei calmo, fui até o canto de uma dos lados da estrutura metálica da referida ponte e fiquei esperando o carrinho de linha passar. Caramba, quando ele passou tremeu toda a ponte, aí fiquei me perguntando, "se tivesse sido um trem de carga". Mas felizmente tudo deu certo e continuei a trilha pela ferrovia no município de Ingá.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma aventura e tanto esta sua, Jônatas! São boas recordações deste trabalho que fazemos em lutar por manter viva a memória desse transporte.

      Excluir
  5. Eita André, que história sensacional. Tive uma experiencia um pouco semelhante na Ponte Metálica sobre o Rio Ingá, a cerca de 2 km da estação de Ingá, aqui na Paraíba em maio de 2010. Estava bem no centro da ponte que é pequena, tem cerca de 40 metros de comprimento. Avistei o carro de linha que levava operários que estavam fazendo uma manutenção da ferrovia um pouco adiante. "Eita caramba" me perguntei "e agora o que faço", fiquei calmo, fui até o canto de uma dos lados da estrutura metálica da referida ponte e fiquei esperando o carrinho de linha passar. Caramba, quando ele passou tremeu toda a ponte, aí fiquei me perguntando, "se tivesse sido um trem de carga". Mas felizmente tudo deu certo e continuei a trilha pela ferrovia no município de Ingá.

    ResponderExcluir