sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Estações de ontem e hoje: Trens do Recife antes e depois

  O antigo sistema de trens urbanos do Recife que interligava a parte central da cidade, entre a estação Central do Recife e Jaboatão, São Lourenço e Cabo. Estes trens, operados pela extinta RFFSA, necessitavam de melhorias para atender à crescente demanda de passageiros da Região Metropolitana. Veio então o sistema de metrô de superfície do Recife, com modernos trens elétricos para atender a população.
Pátio da estação Central do Recife, à época do antigo sistema
de trens urbanos. Haviam também trens para o interior do estado.
(Imagem: Retirada do site - Amantes da ferrovia)

  Na execução projeto do novo metrô, foram aproveitados os antigos traçados das linhas já existentes, tais como Recife – Jaboatão e Recife - Cajueiro Seco. A partir disso, as antigas estações do trem compreendidas nesses trechos foram substituídas pelas novas do metrô, em alguns casos foram deixadas sendo construídas as novas em suas proximidades. Isso explica de onde vieram os nomes e simbologias de algumas das estações atuais do metrô do Recife.
  Começando pela estação Recife, terminal de maior movimento do sistema, de onde partem trens para Cajueiro Seco, Camaragibe e Jaboatão; esta foi construída por trás da antiga estação Central do Recife, que desde 1972 abriga o Museu do Trem, hoje fechado para reformas e revitalização. Até alguns anos atrás, para acessar a estação Recife do Metrô, o usuário passava pelos antigos portões e plataformas da velha Central, com peças que remontam o passado honroso da ferrovia pernambucana, numa espécie de túnel do tempo. Pelo que tudo indica, o velho prédio não servirá mais como acesso, mas por outro lado ficará um museu bem mais atrativo do que o era , para contar de uma melhor forma a história dos caminhos de ferro do estado.
Na foto tirada a partir de uma locomotiva a vapor, vê-se o posto
de Fernandinho em dia de cheia no fim da década de 1960.
(Imagem: José Calvino -
Do Livro: Trem fantasma. José Calvino, 2005)
  Seguindo a linha vem a estação Joana Bezerra, que é uma das mais movimentadas de todo o sistema, pois dela parte a bifurcação da linha, seguindo um lado para Cajueiro Seco e o outro para Camaragibe / Jaboatão. Na época dos velhos trens, Joana Bezerra já tinha bastante movimento e inclusive já havia a atual bifurcação, mas o nome da estação era Fernandinho (ou Coque, como chamavam alguns, pela proximidade com a comunidade de mesmo nome), que na verdade nem era uma estação propriamente dita, e sim um posto de controle dos trens que circulavam indo ou vindo pelas duas linhas da bifurcação.

Pictograma da estação Ipiranga do METROREC
  Ipiranga também era uma antiga estação. Interessante observar no símbolo da estação no sistema do metrô, que há a imagem de um chefe de estação. Além desta, substituída pela atual, existem ainda uma vila ferroviária (para os trabalhadores da ferrovia), casa do chefe da antiga estação, o antigo Colégio Ferroviário do Recife, construído pela Great Western destinada principalmente para filhos dos ferroviários, e, por fim o campo do Clube Ferroviário do Recife, inicialmente Associação Atlética Great Western, que inclusive disputou várias vezes o Campeonato Pernambucano de Futebol. 

  A atual Werneck para muitos tem um nome curioso. De fato, ao contrário da maioria, não tem um nome relacionado ao bairro no qual se localiza ou cidade, etc. Mas, até 1925 a estação chamava-se Areias (nome do bairro) onde localiza-se.
Estação de Edgard Werneck, anterior à atual do metrô. (Imagem:
Do site - Amantes da Ferrovia)
Construída no início do séc. XX, a antiga estação de Areias ficou com este nome até 1925 quando recebeu este nome, do engenheiro Edgard Werneck, carioca contratado pela Great Western (companhia detentora da concessão das ferrovias pernambucanas à época) para investigar os desfalques que estavam ocorrendo na empresa. Werneck estava descobrindo já muitas coisas relacionadas ao fato, o que serviu de motivo para que os responsáveis pelos desfalques matassem-no no dia 08 de Junho de 1925, atirando nele nas escadarias da estação Areias, vindo daí a homenagem póstuma ao engenheiro.
  Tejipió e Coqueiral também eram antigas estações do trem.  Esta última foi construída em 1906 pela Great Western, próximo ao recém construído desvio para Camaragibe, inclusive com a chegada do metrô, Coqueiral continuou sendo a estação da bifurcação da linha para Camaragibe ou Jaboatão.
 Seguindo para Jaboatão, havia a velha estação ferroviária de Floriano, no bairro jaboatonense de Socorro. Hoje, no local da antiga estação, foi erguida a do metrô, mas, ao lado desta, encontra-se a plataforma de embarque construída em substituição à antiga Floriano. Isso pelo fato de, enquanto a via do metrô estava em construção, precisava-se de alguma forma construir uma parada para o trem que seguia com destino a Jaboatão de modo a continuar atendendo a grande demanda de passageiros entre essa cidade e o Recife.
Prédio dos escritórios da Great Western e do relógio
 de Jaboatão sendo demolido na década de 1980.
(Imagem: Retirada do vídeo "Saudade daferrovia em Jaboatão-PE"
http://www.youtube.com/watch?v=Ka3QMK2Akf0)
  Jaboatão, estação terminal do metrô, tem forte relação com a antiga ferrovia. A estação do metrô fica justamente entre as antigas oficinas ferroviárias construídas pela Great Western em 1912 e a velha estação ferroviária, que ainda existe mas em ruínas. As oficinas estão sendo recuperadas pelo SENAI e se transformarão em parte museu e noutra parte salas de aula. Onde foi erguido o prédio da estação do metrô, ficava localizado o prédio dos escritórios da Great Western e posteriormente RFN e RFFSA.
Pictograma da estação Jaboatão do
METROREC
Este prédio possuía três pavimentos, sendo que o central se elevava além dos demais, havendo em seu topo uma torre onde ficava um relógio do tempo dos ingleses, que permaneceu ali durante cerca de 80 anos e o mesmo era de grande representatividade para o povo jaboatonense, uma vez que muitos baseavam seus horários nos ponteiros deste relógio. Contudo, este grandioso prédio foi demolido na década de 1980 para construção da estação de Jaboatão do metrô. Em substituição foi construída pelo METROREC uma torre para o relógio que nunca chegou a ser usada e nunca veio a substituir a beleza e representatividade da antiga construção, que por sua vez foi implodida podendo ter sido aproveitada para receber os novos trens, mas essa ótima opção foi descartada. Hoje, no sistema do metrô, o símbolo representativo da estação de Jaboatão é justamente a pintura do antigo prédio do relógio.

Antiga estação ferroviária de Boa Viagem.
(Imagem: Do site do SINDMETRO-PE)
  A Linha Sul do metrô, que segue para Cajueiro Seco também aproveitou o antigo leito da ferrovia, porém desta vez os trilhos do trem foram apenas afastados para o lado, uma vez que estes dão acesso ao pátio ferroviário de Cinco Pontas, ainda utilizado pela CBTU e pela Transnordestina Logística (ex-CFN). A partir da bifurcação de Joana Bezerra a Linha Sul do metrô passa sobre a rua Imperial e a Avenida Sul por viadutos. Da mesma forma havia a linha do trem, inclusive as estruturas dos velhos viadutos ainda existem nas laterais da Avenida Sul. As atuais estações de Prazeres e Boa Viagem também tomaram o espaço das antigas de mesmo nome.

Antiga estação ferroviária de Prazeres.
(Imagem: Do site - Amantes da ferrovia)

  Para finalizar esta viagem em paralelo com o metrô e os velhos trens urbanos do Recife, convém destacar a estação ferroviária do Cabo de Santo Agostinho, que nunca sofreu alterações substanciais em sua estrutura e permanece original e com operação ininterrupta desde o ano de 1858, quando foi inaugurada, sendo assim a mais antiga estação ferroviária do Brasil em funcionamento.
  

11 comentários:

  1. Olá,adorei o Blog! Gostaria de ver uma reportagem sobre a besteira que vão fazer em Caruaru, destruir parte do que resta da linha férrea para construção do BRT!

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    1. Obrigado Daniel pela ideia! Estamos com um bom material acumulado para novas postagens. EM breve haverão novas postagens, inclusive podemos aproveitar sua ótima ideia.

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  2. muito boa a materia sinto saudades apesar de hoje é tudo bem melhor

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  3. Epa para ao menos existir um trem turistico de Recife a Caruaru, passando pelos túneis da Serra das Russas.
    Ao menos isso.
    Mas com a Transnirdestina quem sabe no futuro o trem de passageiro não volte né.

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    1. se depender desses malucos do poder , o trem de passageiros não vai voltar nunca ,never kkkkkk

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  4. Nobre André Cardoso,
    Parabéns pela iniciativa, dedicação e paixão pela historia das ferrovias, fundamentais para o desenvolvimento do Nordeste e do País.
    Um acervo de excelente qualidade.

    abraços,
    João Carlos
    Estudante de Urbanismo e Arquitetura

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  5. O Trio Fole de Ouro de Caruaru está gravando um xote em homenagem ao trem que saia de Recife passava em Caruaru e ia até o Sertão. Só para recordar. ATT JC Santiago 081 99608-0064

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  6. entra governo.e não investir na rede ferroviária.pois.a linha até Salgueiro .deveria existir e palmares também políticos.irresposavel ganacioso .deixa a populacao.sem um transportes mais barato

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