sábado, 20 de dezembro de 2014

Uma esperada inauguração

  Fechada para reformas há alguns anos, a Estação ferroviária Central do Recife abrigou o primeiro museu ferroviário do país, inaugurado em 1972. Em 1982 foi desativada como estação para as obras de construção do metrô do Recife. O museu se manteve com alguns períodos de paradas para reformas. Esse último período, que se encerra neste dia 22 de Dezembro de 2014, com a reinauguração, durou mais de 5 anos, quando se realizou uma reforma e requalificação do espaço que, de início, receberia um centro cultural do Banco do Brasil, o que felizmente não se concretizou, visto que com isso, as características do prédio seriam modificadas drasticamente e a memória ferroviária ficaria em segundo plano. No entanto, foi descartado o projeto de centro cultural e o espaço foi destinado em sua totalidade a abrigar o Museu do Trem, sob a responsabilidade da FUNDARPE. Foi então desenvolvida uma exposição muito instigadora e bem mais abrangente, sob curadoria do museólogo Aluizio Câmara, para contar a história da ferrovia em Pernambuco, desde a invenção da máquina a vapor na Inglaterra aos dias atuais.
  Convém destacar a importância da estação Central do Recife, que foi construída pela Estrada de Ferro Central de Pernambuco, primitiva Estrada de Ferro Recife a Caruaru, na década de 1880, sendo concluída em 1888. Em 1885, no entanto, partia o primeiro trem dali com destino a Jaboatão. Em 1934 a Estação Central do Recife ficava como única estação inicial para os trens de passageiros no Recife, quando passou a abrigar também o embarque e desembarque dos trens da Linha Sul e da Linha Norte, além da Linha Centro que já o era. Esta grandiosa edificação, projetada pelo mineiro Herculano Ramos é um dos cartões-postais da capital pernambucana. Volta agora a sediar o mais importante espaço de preservação da memória das estradas de ferro de Pernambuco, com grandes atrações como a última locomotiva articulada ainda existente no Brasil, a Garrat com suas mais de 145 toneladas. Uma história de peso. É importante frisar que o novo Museu do Trem do Recife não é só destinado aos apaixonados pela ferrovia, mas também para aqueles que querem conhecer um elemento de suma importância na história de nosso estado, fora que a interdisciplinaridade e multiplicidade de temas implícitos nessa nova exposição visa atrair os diferentes olhares desde as crianças até os estudantes de engenharias, de Geografia, os próprios de História, dentre tantos outros.
  Com essa tão esperada reinauguração, fica o ano de 2014 marcado na história de nossas ferrovias. Fica o convite do Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco para que todos possamos dar o devido valor a este espaço.
A Estação Central do Recife, onde se abriga o Museu do Trem do Recife. (Imagem: Costa Neto/ FUNDARPE)

3 comentários:

  1. “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”. Emília Viotti da Costa

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    1. infelizmente acontece isso nesse pais ,esses governantes só visa lucro (para eles ) as ferrovias boa parte estão virando sucata ,parte da culpa é dos governantes e a ALL logística que só visa lucro ,veja boa parte das ferrovias estão em ruinas ,essa empresa é como ferida brava só come !

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  2. As ferrovias do Nordeste, após concessão à Transnordestina Logística, sofreram um desmonte: hoje, do Maranhão à Bahia, são estações em ruína, leito da malha coberto de mato e, em muito casos, trilhos arrancados, vagões e locomotivas corroídos pela ferrugem, por fim, um verdadeiro caos e a memória ferroviária indo para o espaço...Mas isso não vem de agora, remonta ao governo de Juscelino que com seu "dinamismo" de fazer o Brasil crescer cinquenta anos em cinco e com o intuito de atrair as montadoras de veículos mandou-se e construir estradas e esqueceu a importância das ferrovias no contexto do desenvolvimento do país. E e que se deu: é o que estamos a assistir agora, ou seja o sucateamento quase que completo de nosso sistema ferroviário. Isto é uma vergonha...

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