Na década de 1890 a implantação de estradas de ferro em
Pernambuco continuava, mas não com o mesmo fôlego que na década anterior. A Estrada de Ferro do Recife ao Limoeiro já se
dava por concluída desde 1882, havendo um ramal para Timbaúba já concluído
desde 1888. A Recife and São Francisco Railway já se entroncava com a Estrada
de Ferro Sul de Pernambuco em Palmares, indo esta já até Garanhuns, e em 1894
seria conectada por ramal com a Estrada de Ferro Central de Alagoas em União dos
Palmares. A Estrada de Ferro do Recife a Caruaru (que em 1889 passara a se
chamar Estrada de Ferro Central de Pernambuco), então, já avançava em pleno
Agreste. Depois de vencer as escarpas da Serra das Russas nos limites do
Planalto da Borborema, transição Mata/ Agreste, com inúmeros túneis e viadutos
que custaram quase uma década de estudos e esforços para serem construídos, a
linha havia alcançado Gravatá em 1894.
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Em Caruaru, de um lado o armazém, do outro a estação que há tempos não recebem mais trens. (Fonte: www.jornalextra.com.br) |
No ano de 1895, finalmente, a Estrada de Ferro Central de
Pernambuco despontava em Bezerros, Caruaru e São Caetano. No mesmo dia, 1º de
Dezembro de 1895 foram inauguradas as estações de Bezerros, Gonçalves Ferreira,
Caruaru e São Caetano, esta já no km 161 da linha. Como conta Estevão Pinto, o
primeiro trem a chegar a Caruaru estava coberto por folhagens, enfeites,
levando diversas autoridades dentre as quais o Governador de Pernambuco,
Barbosa Lima Sobrinho. À noite, naquele festivo 1º de Dezembro inaugurou-se
também a iluminação a energia elétrica do prédio da prefeitura de Caruaru.
Estevão Pinto ainda destaca que à época Bezerros possuía diversas fábricas de
rapadura e Caruaru se elevava na produção e exportação de couros para capital,
bem como queijo, feijão e o talvez mais importante produto da região, o
algodão, além de já se apresentar como importante centro comercial do interior
de Pernambuco.
Vale ressaltar que a chegada dos trilhos fez muito bem ao
Agreste, no sentido que proporcionou uma melhor comunicação das cidades da
região com a capital, que antes dependiam das poucas e precárias estradas de
rodagem que encareciam ainda mais os produtos em seu transporte. A ferrovia
também trouxe consigo uma demanda por mão de obra na sua manutenção e operação.
Não se pode deixar de citar o transporte de pessoas como uma das melhorias
vindas com o trem. As viagens para Recife, bem como entre outras cidades
cortadas pelos trilhos passavam a ser feitas em tempo reduzido, com maior
conforto.
Estação Ferroviária de São Caetano, razoavelmente preservada. (Fonte: joaoalmeidavereador.blogspot.com) |
Hoje, 120 anos depois a Linha Centro de Pernambuco
encontra-se desativada e em muitos trechos de seu leito, nem parece ter
existido. O transporte de cargas na linha foi interrompido no fim dos anos
1990. Os trens de passageiros já não circulavam desde 1988, entre Recife e
Salgueiro. Apenas o Trem do Forró, até pelo menos 2000, ainda fazia o trecho
Recife – Caruaru anualmente, percurso que precisou ser alterado devido às más
condições em que se encontrava a via. As mesmas Bezerros, Caruaru e São Caetano
que há 120 anos comemoravam a chegada da inovadora locomotiva, hoje dela
guardam algumas lembranças. São estas as antigas estações: A Estação de
Bezerros, hoje a bem preservada “Estação da Cultura” abriga um importante
centro de difusão da cultura e de proteção da memória local, uso num mínimo
digno diante da importância que teve o prédio para a cidade. São Caetano também
mantêm sua estação razoavelmente preservada. Caruaru, por sua vez, também
preserva seu conjunto ferroviário, em parte como ponto de difusão cultural. No
antigo pátio são realizados eventos bem como parte da tradicional festa junina,
mas sem o famoso Trem do Forró. Não podemos esquecer da Estação de Gonçalves Ferreira, quilômetros antes de Caruaru, da qual resta apenas a plataforma e a estrutura de sua coberta.
De Gonçalves Ferreira, o que restou. (Imagem: André Cardoso) |
Estação Ferroviária de Bezerros, hoje "Estação da Cultura", traz diante de sua plataforma um antigo vagão de madeira no qual são vendidos itens do artesanato local. (Imagem: André Cardoso) |
Referências
BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Estrada de Ferro Central de
Pernambuco. Graf Tech: Paulo Afonso, 2002.
PINTO, Estevão. História de Uma Estrada de Ferro do
Nordeste. José Olympio: Rio de Janeiro, 1949.
Muito bom saber essas informações de uma importância imensa e tão pouca situada nas escolas ... parabéns a vocês .😆
ResponderExcluirMuito bom saber essas informações de uma importância imensa e tão pouca situada nas escolas ... parabéns a vocês .😆
ResponderExcluirAs concessões feitas a uma empresa irresponsável levou esse patrimônio à ruína, tanto em Pernambuco como em todo o Nordeste. O que deveria ter sido reestruturado para dinamizar o transporte de cargas, não foi feito e o que se viu foi a desativação do transporte de passageiros, e o abandono total da malha ferroviária, hoje são estações em ruína ou ocupadas irregularmente, leito da via férrea coberto por matagal e em muitas partes os trilhos arrancados, vagões de cargas, de passageiros e locomotivas corroídos pela ferrugem. UMA VERGONHA SEM TAMANHA!!! Vejam este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=D19w1voeZDc
ResponderExcluirJeová Barboza
Timbaúba (PE).
Como era bom os velhos tempos.
ResponderExcluirI need to compare with sun light compare to light alarm who only give light in the morning. https://imgur.com/a/1LNkJ5D https://imgur.com/a/BOEyRNI https://imgur.com/a/Vw1ZM7W https://imgur.com/a/VhadWId https://imgur.com/a/zWMC0kH https://imgur.com/a/9QlyAYu https://imgur.com/a/9Jz7QtT
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