sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Palmares e o trem: Uma história de 150 anos

   A 30 de Novembro do ano de 1862, há 150 anos atrás, estava inaugurada a estação de Una (atual Palmares), no povoado de mesmo nome, localizado na confluência dos rios Una e Pirangi. É esta a estação final da chamada "terceira secção" da Estrada de Ferro Recife ao São Francisco.
  Distante 124,7 km do Recife por via férrea, a vila de Una tinha como sua base econômica um pequeno engenho açucareiro. Quando da chegada do trem e a consequente implantação de uma estação ferroviária no local, a vila cresceu bastante tornando-se  município e separando-se de Água Preta, em 1873, já com a atual denominação, Palmares.

  "Una (hoje Palmares) era, nos meados do século XIX, uma simples povoação, que vivia da dependência do engenho Trombeta. Em torno da estação ferroviária, montada à margem do rio Una, cresceu a povoação, a ponto de tornar-se maior do que a sede do próprio município e comarca - Água Preta. Como observa Mário Lacerda de Melo, Água Preta continua pachorrenta e, perto dela, "Palmares é quase uma capital". (Estevão Pinto, 1949. História de Uma Estrada de Ferro do Nordeste)
  
  Durante 20 anos a estação ferroviária de Palmares foi ponta de linha da Estrada de Ferro Recife ao São Francisco, fator que foi de suma importância para a referida evolução da pequena vila que acarretou na sua emancipação política. Somente em 1882 foi inaugurada a estação de Catende e em 1894, foram construídas as estações intermediárias de Pirangi e Boa Sorte, para atender principalmente a usinas açucareiras. 
  Desde 1862 quando foi inaugurada, a referida estação sempre teve bastante importância. Lá foram construídas vila ferroviária e grandes armazéns de carga. Houveram também oficinas da rede para a manutenção de vagões, carros de passageiros e locomotivas. Na década de 1940, foi instalada em Palmares, pela Great Western, uma escola técnica com capacidade para 100 alunos. Foi esta a escola Assis Ribeiro. 
  A estação atendeu por muitos anos os trens de passageiros e cargueiros que seguiam para Maceió ou Recife. Hoje, decorridos 150 anos de sua inauguração, está desativada funcionando como a Casa da Cultura Hermillo Borba Filho, mantendo preservadas suas características originais e abrigando ainda em suas dependências o museu da cidade. Os velhos armazéns estão abandonados e o tráfego de trens cargueiros por parte da concessionária atual da linha é muito fraco, mesmo sendo Palmares um ponto de apoio da mesma na manutenção da via. 
  Nos dias atuais, a solitária e preservada plataforma de embarque da estação de Palmares que serviu de porta para o progresso local, outrora movimentada por ambulantes, ferroviários e passageiros, guarda a lembrança de um século e meio de história. 


A estação de Palmares em dia festivo: crianças aguardam o trem na plataforma. ( Imagem: Do site -  http://www.lugaresesquecidos.com.br)
Vista da plataforma da estação de Palmares, inaugurada em 1862. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).

Os velhos armazéns não tiveram a mesma sorte que o prédio principal e ficaram abandonados.  (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).

A fachada da velha estação que hoje abriga uma casa da cultura e o museu da cidade. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).


A plataforma de embarque e sua cobertura. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).

A estação vista de cima de uma antiga estrutura da RFFSA.  (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).


A estação no ano de 2012 em novas cores. (Foto: Sergio Falcetti - 2012).