São aproximados 135 km quilômetros entre a capital
pernambucana e a divisa com a Paraíba que representam o trecho dentro do estado
da Linha Tronco Norte de Pernambuco. A mesma que teve como embrião a Estrada de
Ferro do Recife ao Limoeiro, foi construída pela Great Western no fim do século
XIX, tendo sido seu primeiro trecho inaugurado em 1881 e em 1888 alcançou
Timbaúba, o último município pernambucano pelo qual a linha passa. Em 1900, esta
linha vinda de Pernambuco, encontrou-se com a Estrada de Ferro Conde D’Eu, da
Paraíba, concretizando uma ligação de sucesso entre as porções sul e norte da
Região Nordeste.
Trecho da Linha Norte entre Carpina e Paudalho (Imagem: Arquivo Pessoal - Janeiro de 2014) |
A partir do Recife, por meio da Linha Norte, pode-se chegar no
estado da Paraíba e no Ceará. Antes também se podia alcançar o Rio Grande do
Norte, o que já não é mais possível, tendo em vista as más condições atuais do
ramal que permitia isso, a partir da estação Paula Cavalcanti, na Paraíba.
Com a progressiva desativação de nossas ferrovias,
inicialmente do sistema de transporte de passageiros de longo percurso,
importantes troncos ferroviários do Nordeste ficaram no abandono, como é o caso
da Linha Tronco Centro (Recife – Salgueiro), abandonada logo após a
privatização em 1997. A Linha Tronco Sul, que fazia a ligação entre o Recife e
o estado de Alagoas, servindo como ligação entre Pernambuco e o Sul – Sudeste
do país também entrou no abandono. A recuperação da mesma pela Transnordestina Logística S/A (TLSA), sua
concessionária até então, trouxeram esperanças na reativação desse importante
tronco ferroviário do Nordeste, fato que esbarrou nas cheias de 2010 e 2011 que
destruíram o leito da via em vários pontos, tanto em Pernambuco como em
Alagoas, onde as chuvas foram mais devastadoras ainda.
A situação ficou a seguinte: Linha Centro totalmente
abandonada, Linha Sul parcialmente afetada pelas chuvas aguardando novas
definições do governo e, por sua vez, a Linha Norte, a única que continuou em
operação, que, a essa altura (2010) já não era tão regular como nos tempos da
RFFSA ou como no início da concessão privada. Era esta a única linha a oferecer
condições de tráfego ainda, e a própria TLSA ainda operava a mesma com seus
cargueiros.
Apesar de a concessionária ainda ter mantido essa linha
ativa, os cargueiros ficaram cada vez mais raros. Os mesmos eram mais comumente
vistos passando à beira da Avenida Belmino Correia em São Lourenço, ou passando
na estação Rodoviária, próximo ao pátio ferroviário de Lacerda, no Recife, este mesmo que
também sempre tinha vagões ou locomotivas parados em suas linhas.
Hoje, o mato cresce sobre os trilhos da Linha Norte, que há meses já não é utilizada. A última composição a utilizar a linha foi da CBTU - Recife, em Agosto de 2013, em devolução da CBTU – João Pessoa. A mesma composição, formada pela locomotiva ALCO RS-8 número 6011, tracionando cinco carros pidner, encontrou muitas dificuldades para chegar ao Recife, o que demonstra já a falta de manutenção da Linha, que há mais tempo ainda não recebe trens cargueiros. Além desta composição, algumas semanas antes um trem da própria concessionária da linha, a TLSA, de capina química*, havia vindo até o Recife e retornado brevemente.
Composição da CBTU - Recife, o último trema transitar pela Linha Norte até então (Imagem: Arquivo Pessoal - Agosto de 2013) |
Hoje, o mato cresce sobre os trilhos da Linha Norte, que há meses já não é utilizada. A última composição a utilizar a linha foi da CBTU - Recife, em Agosto de 2013, em devolução da CBTU – João Pessoa. A mesma composição, formada pela locomotiva ALCO RS-8 número 6011, tracionando cinco carros pidner, encontrou muitas dificuldades para chegar ao Recife, o que demonstra já a falta de manutenção da Linha, que há mais tempo ainda não recebe trens cargueiros. Além desta composição, algumas semanas antes um trem da própria concessionária da linha, a TLSA, de capina química*, havia vindo até o Recife e retornado brevemente.
Trem de Capina Química, no momento em que passava em Tracunhaém (Imagem: Robson Santana) |
De lá para cá, a Linha Norte, que é a última ainda ativa do
estado, o que já não é um fato, tendo em vista as raríssimas composições que a
utilizam, demonstra em seu panorama traços de abandono que representam uma
verdadeira falta de respeito com o patrimônio público ferroviário nacional e
com a memória de nossos trilhos.
Linha Norte próximo a parada de Mussurepe (Imagem: Arquivo pessoal - 2013) |
Estação Ferroviária de São Lourenço. Hoje é utilizada como moradia. (Imagem: Arquivo pessoal - 2009) |
Nada disso mais se vê agora, e os trilhos da Linha Norte de
Pernambuco continuam cada vez mais ficando esquecidos e despercebidos por onde
passam.
Estação Ferroviária de Timbaúba. (Imagem: Arquivo pessoal - Março de 2013) |
Na segunda parte desta matéria sobre a Linha Norte de
Pernambuco, o Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco fará uma viagem pelos
trilhos desta linha, mostrando vários de seus pontos de parada até Timbaúba.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA linha norte de PE voltará a operar em 2016 com a conclusão das obras da Nova Transnordestina; já a linha Centro será oficialmente extinta, pois a Nova Transnordestina será paralela à mesma.No lugar da linha Sul será construída uma nova ferrovia ligando Recife a Salvaldor.
ResponderExcluirA linha centro é Tombada pela Fundarpe, no trecho Recife-Gravatá. O uso da linha original por trens de passageiros fomentaria o turismo no interior do estado. Caruaru, Pesqueira, Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Salgueiro, dentre outras só teriam a ganhar com esse transporte.
ResponderExcluirParabéns pela matéria!
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